Vale a pena assistir quer pelo próprio filme que é uma cinebiografia, quer pela loucura, sífilis, futebol, biografia, história do Brasil, história do esporte etc. temas das ciências humanas e sociais.
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Capa de Heleno - O Príncipe Maldito, 2012. Fonte: google.com.br |
O filme de direção de José Henrique Fonseca foi duramente criticado por revistas como (não) Veja. Apresenta a vida de um dos gigantes brasileiros, como foi imortalizado pelo jornalista João Máximo e considerado o James Jean dos gramados do Brasil; foi estreado no festival de Toronto, Japão em 2011.
Rodrigo Santoro interpreta de maneira magistral o atacante e Aline Moraes dá vida a linda Silva - personagem fictícia que representa as muitas mulheres "do jogador", dentre elas, sua esposa Ilma. O filme apresenta uma fotografia bonita em preto e branco, apesar da crítica de Veja que despreza o uso da fotografia. O preto e branco procura apresentar o Rio de Janeiro e Brasil dos anos 40.
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Aline Moraes retratada no longa Heleno - O Príncipe Maldito, 2012. |
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1940, litoral carioca no longa. Santoro e Moraes. Googleimagens |
Entretanto, o filme apresenta uma estrutura de roteiro que acredito ser confusa ao iniciar com um Heleno já doente, consumido pela sífilis no manicômio de Barbacena/MG - "a cidade dos loucos".
Numa lista de 10 filmes brasileiros subestimados, apresenta os principais filmes brasileiros da última década que foram pouco comentados, tiveram um público pequeno, mas que valem muito a pena serem vistos e revistos, Heleno está no 10º lugar (http://www.brcine.com.br/br10/filmes-brasileiros-subestimados/). O longa teve um orçamento que pode ser considerado baixo (8,5 milhões de reais), ainda mais por se tratar de um filme de época, ambientado nos anos 1940 e filmado em preto e branco.
Iniciar este post, num blog - página virtual e ainda compartilhar em redes sociais como Facebook é também produto de um momento, em que "os sites de relacionamento social são um exemplo perfeito disso: no Facebook e em outras redes os indivíduos desenvolvem ou dão continuidade a relacionamentos sociais com pessoas distantes, algumas das quais eles conhecem através de contextos de interação face a face, mas muitas das quais eles só conhecem através do site de relacionamento social". (THOMPSON, John B., 2012, p. 10), por isso, o filme nos é tão útil, afinal, conhecemos uma perspectiva de Heleno de Freitas, considerado por muitos como o maior craque pré-Garrincha do Botafogo, além de contribuir para pensar um desafio dos nossos tempos: os atletas problemas.
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Santoro sendo retratado durante gravações do filme. |
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Bandeira de torcedores do Botafogo com a cara de Heleno. |
Em Heleno, financiado pelo empresário Eike Batista – bilionário brasileiro e botafoguense, temos um craque que nos permite refletir sobre os craques do futebol e de outros esportes.
Mineiro da Zona da Mata (de São João Nepomuceno), nasceu em 1920. Advogado, boêmio, participou da high society carioca... Heleno era um galã.
Como James Dean, ator estadunidense que tornou-se um ícone cultural da rebeldia e angústia da juventude dos anos 1950 e como ícone de Hollywood propagou o jean e o estilo despojado para a época.
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James Dean. Googleimagens, 2013. |
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James Jean. Site:jamesdean.com, 2013. |
Em 1937 entrou para a equipe de futebol principal do Botafogo e foi descoberto por Neném Prancha - o filósofo do futebol, lembrei-me das andanças e correrias do meu pai que ligado ao futebol, faz-me sugerir após tantas observações, como são os encontros de talentos, conversas com pais em caso de menores; como os jantares, as conversas improvisadas proporcionam tantos resultados como de jogadores e estrelas.
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Heleno entre amigos em 1948, pouco mais de uma década antes de morrer (Foto: Arquivo / Ag. O Globo) |
Retornando as características de Heleno, dono de 1,82 metro de altura, marcou o Botafogo com 209 gols em 235 partidas e apesar de não ter sido campeão pelo time, tornou-se o 4º maior artilheiro de toda a história botafoquense. Atuou no Vasco da Gama, onde obteve seu único título de campeão carioca (de 1949). Em 1948, havia sido vendido ao Boca Juniors da Argentina.
Fez 18 partidas pela Seleção Brasileira de Futebol com 19 gols e tornando-se o artilheiro do Campeonato Sul-Americano de Futebol 1945 (a atual Copa América) com 06 gols.
Heleno sonhava em disputar a Copa do Mundo. Mas devido à guerra, no auge da carreira do jogador, o Mundial foi adiado.
Por ser o jogador "James Dean", envolveu com inúmeras mulheres e resultante destes envolvimentos teve complicações com sífilis. Abalado pela doença que gerou delírios e sua "popular loucura", pois ao contrair a sífilis, só descoberta em estágio avançado só piorou e ainda adquiriu vício em lança-perfume. Cheirava éter. A combinação foi explosiva.
Heleno, que já tinha uma personalidade das mais instáveis, começou a dar sinais de loucura – um dos reflexos da doença.A quem diga que até Eva Peron passou por sua lista, quando estava no Boca Juniors. Veio a falecer no ano de 1959, em Barbacena, onde se internou seis anos antes, em 1953, com apoio da família.
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"Photografia" do craque Heleno de Freitas, 1941. |
O objetivo desta postagem é ser apenas uma expressão, um convite sobre a história, sobre o esporte, sobre os atletas - profissionais de nosso tempo e sociedade, afinal, o futebol é "amigo do Brasil", pelo menos de parte do país desde tempos do período do Império, ou nas palavras de Georgino Jorge de Souza Neto e Márcia Pereira da Silva, "o futebol é hoje, sem dúvida, elemento de identidade social e coletiva entre os brasileiros." (O Foot-Ball no Sertão Mineiro: a história do sport bretão nos claros montes das geraes, 2012, p.17).
Portanto, vale a pena assistir "a película" Heleno - O Príncipe Maldito, vale a pena escrever um post, afinal o esporte não desvincula da trama social, isto é, do contexto e da sociedade que ele está inserido e sendo feito e nisto, as redes sociais também fazem parte, elas registram e testemunham um tempo, um momento. Neste caso, um jovem historiador, pesquisador que compartilhou parte do seu cotidiano, isto é, uma atividade comum a sua sociedade: assistir um filme!
Leia/assita Mais:
A Mídia e a Modernidade: Uma Teoria Social da Mídia de John B.THOMPSON pela editora Vozes, 2012.
O Foot-Ball no Sertão Mineiro: a história do sport bretão nos claros montes das geraes de Georgino Jorge de Souza Neto, Luciano Pereira da Silva e Regina Célia Lima Caleiro pela editora Unimontes, 2012.
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